Modo de amar
Modo de amar I
Lambe-me os seios
desmancha-me a loucura
Usa-me as coxas
devasta-me o umbigo
abre-me as pernas
põe-nas nos teus ombros
e lentamente faz o que te digo:
Modo de amar – II
Por-me-ás de borco,
assim inclinada…
a nuca a descoberto,
o corpo em movimento…
a testa a tocar
a almofada,
que os cabelos afloram,
tempo a tempo…
Por-me-ás de borco;
Digo:
ajoelhada…
as pernas longas
firmadas no lençol…
e não há nada, meu amor,
já nada, que não façamos como quem consome…
(Por-me-ás de borco,
assim inclinada…
os meus seios pendentes
nas tuas mãos fechadas.)
[Maria Tereza Horta]
Aiiiii (suspiro) … Experimentem ler Maria tereza Horta ao som de uma bela musica…hehehh…toca na alma....
Para mim esta senhora é uma referência. Porque nunca teve medo de pôr em papel o que sentia com o corpo. Escreveu e publicou os seus poemas numa altura (década de 60) em que se considerava que “uma mulher de respeito não escrevia daquele modo, não dizia aquelas coisas...”
Será que ainda se pensa assim? Será que ainda existem pessoas que acham que uma mulher que fala do que sente e do que quer não é uma mulher de respeito.
Mas o que é isso de ser uma mulher de respeito? Faz-me uma lembrar uma situação em que eu disse “não acho normal” e alguém me respondeu “ E o que é ser normal?”
3 Comments:
Bingo, era este mesmo [Sorriso]. Primeiro dou os parabéns, tanto a ti, pela escolha de todo o conjunto, inclusive a tua analise, como à Maria Teresa Horta que – e aqui vou discordar um (só) pouco –, além de não ter tido medo, mesmo na década de 60, também conseguiu reproduzir através de palavras uma sensação do corpo, situação deverás complicada em certas ocasiões. Mas ai está o porquê de uns serem poetas e outros – eu, por exemplo – “meros” amantes de toda a situação.
Mas – e aqui concordo com tudo – é mesmo, o que é normal, ou até mesmo anormal, nos dias que correm?!? Deixo a pergunta também, mas sem antes dizer que todos, seja homem, mulher, o que seja, devem dizer, mesmo escrever, até mesmo transcrever ou citar, o que vai na alma. Uma coisa é certa, e do fundo do ser que brotam todas estas formas de comunicar.
Agora tu, isso está bonito, está [Sorriso malandreco].
Beijos
Maria Tereza Horta é e tem de ser uma referência na poesia deste país que tapa a boca para não dizer o que pensa/sente! Não só poemas destes ela escreveu, mas a sua antologia poética direcciona-se, essencialmente, para o corpo e o erotismo! E ainda bem! É por isso que será empre uma mulher de fibra!
Sente-te!
Maria Teresa Horta grande Mulher sempre lutou pelos direitos das mulheres.Rotulada por muitos como uma feminista .Boa escolha....
Eternamemte menina....
Desperta-me de noite
O teu desejo
Na vaga dos teus dedos
Com que vergas
O sono em que me deito
É rede a tua lingua
Em sua teia
É vicio as palavras
Com que falas
A trégua
A entrega
O disfarce
E lembras os meus ombros
Docemente
Na dobra do lençol que desfazes
Desperta-me de noite
Com o teu corpo
Tiras-me do sono
Onde resvalo
E eu pouco a pouco
Vou repelindo a noite
E tu dentro de mim
Vais descobrindo vales.
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